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sábado, 27 de março de 2010

O largo do coreto

Numa altura em que a febre do Festival da Canção parece ter (timidamente) ressurgido no panorama cultural-musical português, quase que se impõe da nossa parte uma referência obrigatória ao facto de na edição deste ano terem estado presentes duas canções apresentadas por artistas intimamente ligados à pessoa de José Cid (embora cada um por motivos radicalmente diferentes). Desde logo Rui Nova, autor e compositor do tema “ Uma canção à Cid”que, pese embora as boas intenções, se ficou apenas pelo 10.º lugar entre os 12 finalistas. ( Realçe-se, no entanto, que chegar à final, entre quatrocentos e tal concorrentes, já é uma proeza). Tal canção não foi mais do que um tributo, em jeito de homenagem, ao músico que lhe proporcionou a edição das suas primeiras canções. Efectivamente, foi José Cid que produziu e conduziu os arranjos das canções que integraram o primeiro L.P. de Rui Nova. “É fundamental, gravado em 1993. Foi também José Cid o autor e compositor do single de apresentação de Rui Nova, lançado quatro anos antes. (Sobre Rui Nova e as contribuições de José Cid para outros artistas falaremos um dia, se lá chegarmos... )
A outra participação no Festival da Canção 2010 que se encontra intimamente ligada à pessoa de José Cid, foi a do jovem Gonçalo Tavares, jovem artista, nosso conterrâneo, que é sobrinho de José Cid, obtendo um honroso 3.º lugar com a canção “Rios”. Pese embora os laços familiares com o artista José Cid, Gonçalo Tavares apresentou-se em palco com um tema com música e letra da sua autoria, o que é de louvar, resistindo assim à tentação de ter tido uma colaboração do tio, artista que, como se sabe, está actualmente novamente nas luzes da ribalta, facto que em muito poderia contribuir para o sucesso do seu sobrinho.
Não adianta escrever aqui que José Cid também participou várias vezes em festivais RTP da Canção, pois tal facto é notoriamente conhecido e repetidamente falado ( ao ponto de saturar...). Facto menos conhecido e algo relativamente invulgar na carreira de José Cid é a circunstância de muito poucas vezes José Cid ter lançado discos com canções escritas e compostas por outros artistas. Efectivamente, se José Cid tem cantado alguns poetas portugueses conhecidos ( como Natália Correia) ou até espanhóis ( Garcia Lorca), não é menos verdade que tem sido o próprio Cid que se tem encarregado dos arranjos da grande maioria das canções ao longo da sua carreira. No entanto, e por falar em festivais, em 1978, José Cid participa no Festival RTP da Canção com uma canção da sua autoria e com 3 canções escritas e compostas por outros músicos e letristas, facto algo inédito até então na carreira do cantor.
À semelhança das restantes três canções ( “ O meu piano”, “Porque “ e “Aqui fica uma canção”) o tema “Largo do Coreto”,que José Cid interpretou no Concurso do Festival RTP da canção, foi nesse mesmo ano, lançado para o mercado em formato single, numa versão gravada nos estúdios Arnaldo Trindade. “O largo do Coreto” tem letra do jornalista Mário Contumélias e música de Manuel José Soares. O lado B do single foi preenchido por “Mulher até quando”, canção que nos transporta para os soberbos arranjos que a música ligeira portuguesa nos tem oferecido, com letra fruto da parceria Mário Contumélias e Manuel José Soares. A música resulta também de uma parceria, mas desta vez, entre Manuel José Soares e Armindo Neves, tendo sido este último o responsável pelos arranjos orquestrais de ambos os temas.
Através deste single, ironicamente, José Cid apenas contribuiu com a sua voz para embelezar canções escritas para si, quando ao longo de toda a sua carreira anos, tem sido precisamente ao contrário, ou seja, José Cid a escrever e compôr para os outros artistas, dos quais realçamos apenas alguns, tais como Simone de Oliveira, Tony de Matos, Tonicha, Edmundo Falé, entre muitos outros de uma lista quase infindável.
Deixamos um excerto deste camaleónico single, com uma capa muito bem concebida,cujas canções se encontram facilmente em formato CD na “Antologia #2 “

Clique no Play para ouvir um excerto