Se no lado A do single "Portugal É..." (1975, Decca SPN 182) José Cid explora a sua capacidade em aproveitar os sons galácticos emanados do sintetizador e do seu mellotron, já no lado B José Cid deixa a cargo de Mike Sergeant a tarefa de abrilhantar a canção “ No tempo em que o Toninho lanchava c'os amigos na Pastelaria S. Bento”, criando um rock sarcástico, irónico, seco mas divertido, onde o som de slide guitar e “lead guitar” do músico escocês se cruzam perfeitamente com a voz trabalhada de Cid, que nos conta a história de um certo Toninho,o qual, durante muitos anos, conviveu com os seus amigos na “Pastelaria de S. Bento”, numa clara alusão à figura de Salazar e seus assessores. É pois a ironia, conjugada com voz propositadamente enfraquecida de Cid, que eleva o lirismo desta canção a um patamar nitidamente superior. A consistente caracterização de Toninho enquanto um fóssil muito fóssil e simultaneamente pouco dócil, está bem vincada no refrão da canção, remetendo a memória do ouvinte para a figura de um chefe de estado com saúde nitidamente enfraquecida, de voz dócil mas que ao mesmo tempo tomava medidas pouco dóceis de proteccionismo, em abono de um ideal de imperialista que, em abono da verdade, já não era partilhado por muitos, senão por aqueles que os rodeavam, os tais amigos da Pastelaria “ S. Bento” que a tudo diziam que sim. Os primeiros versão da canção são disso um exemplo: “Reuni esta assembleia/ para lhes propor um ideia/ que ainda hoje me ocorreu há pouco tempo:/ Mandem enjaular a besta/ que se atreva a dizer não/ como simples medida de precaução./ Sou um fossíl muito fossil/ era um fossíl pouco dócil...”
“No tempo em que o Toninho lanchava com os amigos na Pastelaria S. Bento”, é seguramente, até à presente data, o título mais comprido que José Cid atribuiu para uma canção sua. Foi também durante muitos anos, uma das canções menos conhecidas de José Cid, pois apenas em 2007, o disco # 2 da Colectânea “ Pop Rock & Vice Versa” lhe fez justiça, tendo esta canção sido incluída pela primeira vez em formato CD, e com um som nitidamente melhorado.
“No tempo em que o Toninho lanchava c' os amigos na Pastelaria S. Bento” é mais um exemplo da plena versatilidade de José Cid enquanto músico capaz de explorar todos os estilos e géneros musicais. Por mero exemplo, o single que se lhe seguiu foi nada mais nada menos do que tema de raiz popular, “ Quadras Populares”, conforme o próprio nome da canção assim o indica. A todas estas mudanças e apelos a uma nova aventura musical de José Cid, correspondeu sempre Mike Sergeant, que após ter abrilhantado o épico “ Onde, como, Quando, Porquê... Cantamos Pessoas Vivas” não hesitou em acompanhar José Cid nas suas aventuras musicais ao longo de toda a segunda metade da década de 70 e inícios da década de 1980, contribuindo, de sobremaneira, para consagrar de forma definitiva esses tempos como o período de ouro da carreira a solo de José Cid.
“No tempo em que o Toninho lanchava com os amigos na Pastelaria S. Bento”, é seguramente, até à presente data, o título mais comprido que José Cid atribuiu para uma canção sua. Foi também durante muitos anos, uma das canções menos conhecidas de José Cid, pois apenas em 2007, o disco # 2 da Colectânea “ Pop Rock & Vice Versa” lhe fez justiça, tendo esta canção sido incluída pela primeira vez em formato CD, e com um som nitidamente melhorado.
“No tempo em que o Toninho lanchava c' os amigos na Pastelaria S. Bento” é mais um exemplo da plena versatilidade de José Cid enquanto músico capaz de explorar todos os estilos e géneros musicais. Por mero exemplo, o single que se lhe seguiu foi nada mais nada menos do que tema de raiz popular, “ Quadras Populares”, conforme o próprio nome da canção assim o indica. A todas estas mudanças e apelos a uma nova aventura musical de José Cid, correspondeu sempre Mike Sergeant, que após ter abrilhantado o épico “ Onde, como, Quando, Porquê... Cantamos Pessoas Vivas” não hesitou em acompanhar José Cid nas suas aventuras musicais ao longo de toda a segunda metade da década de 70 e inícios da década de 1980, contribuindo, de sobremaneira, para consagrar de forma definitiva esses tempos como o período de ouro da carreira a solo de José Cid.
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