O desencontro entre os seres não se manifesta apenas através da distância entre fronteiras, muros ou credos. Na maior parte dos casos o choque entre personalidades é o maior gerador de distância entre os seres humanos, sobretudo entre aqueles que se amam, os quais muitas vezes não conseguem resistir a tais colisões de feitios. Quando tal acontece e quando os sentimentos são fracos, é o próprio amor que sofre com isso, originando afastamentos muitas vezes indesejados. Noutros casos, o reverso da medalha funciona na perfeição, fazendo com que personalidades completamente opostas se entrelacem com naturalidade, entregando-se à paixão de forma totalmente descontrolada. Pouco importa, que um goste do azul e que o outro veja os dias num tom acinzentado, quando os opostos estão virados para o mesmo lado; é precisamente nessa circunstância que os opostos se atraem, criando verdadeiros olhares de cumplicidade entre aqueles que até então se olhavam com verdadeira indiferença.
É também neste contexto de atracção mútua entres seres humanos diferentes entre si, que surge a canção “Telenovelas”, que José Cid compôs em 1996, para o álbum “Nunca mais é sexta feira” (Espacial 3200146 ), na qual o Artista relata um encontro explosivo entre um homem e uma mulher com gostos e personalidades totalmente distintas. Por um lado, aquela mulher só pensa em telenovelas, em Hollywood e nas suas estrelas, enquanto que ele é vidrado em computadores e só pensa em megabytes. Em termos de gostos musicais, a diferença também existe: por um lado, conforme canta Cid, ela nem sabe o que é Sérgio Godinho, nem Jorge Palma (do Bairro do Amor), enquanto que ele, vidrado em Al di Meola, ouve canções de Brel, lê José Régio e compõe à viola. Ela é livre, lê a revista Maria, ele um homem ponderado e ajuizado, sendo já dono de um T3, pago com recurso ao crédito jovem. De uma forma simples mas não sincopada, José Cid transporta-nos através do lirismo desta canção, para uma realidade tantas vezes recorrente: a atracção entre seres humanos, a qual, sendo verdadeira, não conhece qualquer entrave. Por essa razão estes dois seres, tão diferentes entre si mas tão parecidos com milhares de pessoas pertencentes ao Mundo em que habitamos, não deixaram também eles de se render ao inevitável: é que a noite caiu sobre a cidade, e embora se tenham encontrado por casualidade, também eles trocaram olhares de cumplicidade, tendo ambos subindo as escadas da sua ilusão, alugado um quarto numa qualquer pensão, aí pernoitando, até que a luz da manhã os acordou para a realidade.
Recorrendo a um ritmo funk, “Telenovelas” é um das seis canções inéditas que José Cid incluiu no seu único trabalho para a Editora Espacial. As restantes seis, já antes tinham sido incluídas nos discos “Vendedor de Sonhos” (1994) e “ Pelos Direitos do Homem” (1996). “Telenovelas” destaca-se neste trabalho musical, pela sua letra simples mas condizente com o nosso quotidiano, e pela sua sonoridade groovy, que pretendemos destacar na mensagem de hoje. Não podemos também ser indiferentes ao último verso do refrão de “Telenovelas”, no qual José Cid escreve que aquele homem e aquela mulher, depois de terem passado a noite juntos “ amanhã, dá para perceber, nem se vão conhecer”. Sempre fomos da opinião que a escrita de José Cid vale, acima de tudo, pela sua evidente simplicidade ( e honestidade). No entanto, para quem queira analisar de forma mais profunda este último verso, por certo concluirá que este é, sem dúvida, o verso mais introspectivo deste poema. É que a atracção entre os corpos não pede autorização a feitios ou a personalidades para se tornar numa realidade. Com efeito, só mesmo depois de esses corpos se entrelaçarem por diversas vezes, é que estes dois seres, bem mais tarde, ao conversarem, ao quererem saber mais sobre o outro, é que percebem que, por terem personalidades manifestamente diferentes, afinal nem se conhecem. Parece-nos que José Cid também percebeu como ninguém esses desencontros que partilhamos hoje com os leitores.
É também neste contexto de atracção mútua entres seres humanos diferentes entre si, que surge a canção “Telenovelas”, que José Cid compôs em 1996, para o álbum “Nunca mais é sexta feira” (Espacial 3200146 ), na qual o Artista relata um encontro explosivo entre um homem e uma mulher com gostos e personalidades totalmente distintas. Por um lado, aquela mulher só pensa em telenovelas, em Hollywood e nas suas estrelas, enquanto que ele é vidrado em computadores e só pensa em megabytes. Em termos de gostos musicais, a diferença também existe: por um lado, conforme canta Cid, ela nem sabe o que é Sérgio Godinho, nem Jorge Palma (do Bairro do Amor), enquanto que ele, vidrado em Al di Meola, ouve canções de Brel, lê José Régio e compõe à viola. Ela é livre, lê a revista Maria, ele um homem ponderado e ajuizado, sendo já dono de um T3, pago com recurso ao crédito jovem. De uma forma simples mas não sincopada, José Cid transporta-nos através do lirismo desta canção, para uma realidade tantas vezes recorrente: a atracção entre seres humanos, a qual, sendo verdadeira, não conhece qualquer entrave. Por essa razão estes dois seres, tão diferentes entre si mas tão parecidos com milhares de pessoas pertencentes ao Mundo em que habitamos, não deixaram também eles de se render ao inevitável: é que a noite caiu sobre a cidade, e embora se tenham encontrado por casualidade, também eles trocaram olhares de cumplicidade, tendo ambos subindo as escadas da sua ilusão, alugado um quarto numa qualquer pensão, aí pernoitando, até que a luz da manhã os acordou para a realidade.
Recorrendo a um ritmo funk, “Telenovelas” é um das seis canções inéditas que José Cid incluiu no seu único trabalho para a Editora Espacial. As restantes seis, já antes tinham sido incluídas nos discos “Vendedor de Sonhos” (1994) e “ Pelos Direitos do Homem” (1996). “Telenovelas” destaca-se neste trabalho musical, pela sua letra simples mas condizente com o nosso quotidiano, e pela sua sonoridade groovy, que pretendemos destacar na mensagem de hoje. Não podemos também ser indiferentes ao último verso do refrão de “Telenovelas”, no qual José Cid escreve que aquele homem e aquela mulher, depois de terem passado a noite juntos “ amanhã, dá para perceber, nem se vão conhecer”. Sempre fomos da opinião que a escrita de José Cid vale, acima de tudo, pela sua evidente simplicidade ( e honestidade). No entanto, para quem queira analisar de forma mais profunda este último verso, por certo concluirá que este é, sem dúvida, o verso mais introspectivo deste poema. É que a atracção entre os corpos não pede autorização a feitios ou a personalidades para se tornar numa realidade. Com efeito, só mesmo depois de esses corpos se entrelaçarem por diversas vezes, é que estes dois seres, bem mais tarde, ao conversarem, ao quererem saber mais sobre o outro, é que percebem que, por terem personalidades manifestamente diferentes, afinal nem se conhecem. Parece-nos que José Cid também percebeu como ninguém esses desencontros que partilhamos hoje com os leitores.
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