segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Bodas de ouro

Numa altura em que os relacionamentos são tão fugazes e a dificuldade em manter relações duradouras (mesmo entre pessoas que se amam) é a regra dos tempos modernos, trazemos hoje ao nosso blogue uma canção, com letra e música de José Cid, que tem na sua base precisamente o oposto: A vivência em comum de duas vidas unidas numa só ao longo de mais de cinquenta anos. Nos tempos de hoje, a notícia da celebração de umas bodas de ouro, é um acontecimento que pode causar alguma estranheza, não só pelo facto de o amor estar cada vez mais desacreditado mas também porque, em virtude da (alegada) igualdade de oportunidades entre os sexos e do aumento das exigências de formação escolar e académicas das populações, os jovens tendem a casar-se cada vez menos jovens, numa misto de maturação e amadorismo à mistura no que toca à partilha de uma vida a dois. Cada passo é calculado e pensado ao pormenor, sendo cada momento de reflexão um momento inquietante de dúvidas e de incertezas que, aos poucos, se vão apoderando da mente dos amantes.
Muitas vezes a opção por uma vida a dois, quando chega a ser tomada, assume primeiro a forma de experimentalismo inicial, comummente designado por “ um viver juntos”, para só mais tarde se transformar num casamento em termos formais. Desta forma, quando o acto que legitima a celebração das bodas de prata ou de ouro acontece, já a finitude do tempo que nos limita nos obriga a fazer contas e a desafiar à nossa irremediável mortalidade se quisermos celebrar as bodas de ouro com alguém ao nosso lado. Se atendermos à idade em que as pessoas celebram hoje o (primeiro) casamento e à esperança média de vida dos portugueses, só podemos concluir que probabilidade de um cônjuge vir a celebrar os 50 anos de casado com o outro ainda vivo a seu lado, é realmente muito diminuta e a acontecer, será quase um autêntico milagre. É disso que José Cid nos falava já em 1979, quando gravou “Bodas de Ouro”, lado B do single “ Verdes Trigais em Flor” (Orfeu KSAT 673). Como já era hábito, os arranjos são de José Cid e de Mike Sergeant. Com a gravação de “Bodas de Ouro”, José Cid demonstra mais uma vez toda a sua versatilidade enquanto compositor e cantor, enveredando numa viagem pela música ligeira de extrema qualidade, ao mesmo tempo que gravava para o disco “Canta Coisas Suas” registos musicais de música popular, disco-sound ou baladas.
Para além do single referido, é possível encontrar a canção “Bodas de Ouro” no disco “Grandes Êxitos N.º2 “ e “Antologia # 2”.

Clique no Play para ouvir um excerto da canção

2 comentários:

Anónimo disse...

reparei que na nova versão do site tem a noticia do lançamento do disco. Achei o site engraçado mas demasiado kitch para o meu gosto. Deviam deixar as montagens cidmania para os blogs de fãs, etc.

Anónimo disse...

Parece que o disco voltou a ter o nome inicial

http://discodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=36315

Fala de espanha, eua, concerto no campo pequeno, etc